A doutorando do PPGArtes Manoela Cavalinho estará presenta na exposição El Otro Imaginario.
A segunda edição do Circuito de Arte Contemporânea na América Latina (CLAC) ocupa o IGR México, colocando em diálogo produções de artistas do Brasil e do México que, de modos distintos, trabalham a ideia de outredade como espaço de pesquisa. Se pensarmos em uma escala – certamente não linear – que em um de seus extremos situa a identificação (o outro é como eu) e no seu oposto a aversão (o outro me incomoda), indo da aliança ao enfrentamento, percebemos que entre elas existe uma miríade de relações possíveis. O sujeito individual depende do outro para ser, já que a dimensão subjetiva se estabelece entre a pluralidade e a singularidade, propiciando uma vastidão de sentidos de mundo.
Os trabalhos reunidos no II CLAC abordam, desde diferentes lugares dessa escala inventada, justamente a condição do outro, seja como um agradável e promissor semelhante, seja como um diferente que provoca o choque denso e abala a compreensão. O outro para além de nossa espécie, de nosso tempo, do hábito que forja a percepção. O outro imaginário, embalado pela ideia de que a alteridade nos devolve um importante espectro do eu, abrindo um caminho possível para a compreensão consciente desse outro (pois desse eu). Um imaginário atravessado pelo simbólico, se pensarmos em termos lacanianos, em que a dimensão narcísica é enfrentada a um conjunto de posições, que não têm uma significação em si, mas que se formam justamente nas relações entre os possíveis significantes.
Nos permitimos visualizar essa mostra – montada de forma contígua entre México e Brasil – como trechos de um grande duelo histórico que se abre em direção a um amanhã iniciado ontem. Entendemos que o manejo de diferentes sentidos, dessas outredades, talvez constitua, uma e outra vez, o desafio constante de nossos dias na Terra.
Charlene Cabral e Diego Groisman, curadoria