Linha de Pesquisa: arte, crítica, criação
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2217832994315714
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Projeto de Pesquisa
Recuperar o corpo-mundo: corpo palavra, inscrições
Em prosseguimento a pesquisas anteriores, a presente investigação dedica-se à crítica das definições antropológicas herdadas pela tradição ocidental e sua predileção por oposições tais como pensamento (consciência)/atividade (movimento), eu (individuação)/outro (socialização), interior/exterior, teoria x prática, razão x sensibilidade. Levando à fratura dos modelos educativos e à evidente inadequação dos esquemas mentais e dos conceitos antropológicos em vigor para lidar com as exigências da formação humana na atualidade, essas clivagens têm, todas elas, como ponto de origem e de confluência a oposição alma/corpo que na Antiguidade, sob influência platônica, se forjou, transformando-se em seguida em marca absoluta do pensamento ocidental. Fazer-se corpo é, assim, uma injunção triplamente significada: como atitude intelectual, afirma a importância do testemunho do particular, da reflexão encarnada, da experiência sensível, tal como a arte pode propiciar; como metáfora, alude ao enraizamento em uma história e uma cultura compartilhadas e, portanto, a uma militância; como projeto, implica em buscar, com as armas do sensível, estar presentes no mundo compartilhado, vastíssimo mundo da multiplicidade humana, que a arte descortina. Enfatizam-se as noções de corporeidade e presença, principais operadores da crítica a ser realizada (a) à clivagem corpo x alma, de que derivaram a perda da corporeidade e do mundo características do «sujeito isolado»; (b) ao projeto de modernidade civilizatória, que legitimou a colonialidade e a «diferença colonial» (W. Mignolo); (c) à «grande divisão» (B. Latour) natureza/sociedade, que justificou o comportamento predatório em relação ao terrestre; (d) à oposição nacional x mundial, que, buscando responder à crise da representação política, dificilmente dá conta das novas exigências cosmopolíticas de que depende a renovação do projeto democrático. Pretende-se, muito especialmente, analisar o potencial da arte para a instalação de uma cultura cosmopolita, capaz de, religando o sujeito a seu corpo e ao mundo, favorecer o acolhimento do diverso e a criação de uma nova disposição frente à pluralidade e aos desafios dos tempos atuais.